Bento Fernandes

Bento Fernandes

quarta-feira, 28 de julho de 2010

AINDA HÁ TEMPO


Violência extrema praticada com requintes de crueldade já não é mais privilégio exclusivo das grandes cidades. Os últimos acontecimentos provam isso. A pergunta que vem a cabeça é como um ser humano, e, ou mais especificamente um jovem tem a capacidade de realizar tal ato?
Diante de tal realidade é fácil afirmar: é marginal, é criminoso, tem que ser preso. O que não nos recorre é que todos somos produto social, ou seja, não nascemos marginais, não nascemos criminosos; somos aquilo que somos, conseqüência direta do meio que vivemos, das circunstâncias, das experiências.
Para seres humanos que chegam a tal ponto é preciso fazer uma leitura consciente e reflexiva da realidade social, das condições de igualdade, das oportunidades oferecidas. Mas, há outro lado desta questão o fato de jovens ricos praticarem atos de violência. O que percebe-se é que para estes o pano de fundo é outro: a libertinagem, a falta de limites, o hedonismo, o consumismo, o senso de impunidade. Isso também não é produto social?
Na verdade precisamos de políticas publicas eficientes para a juventude, que contribua para a percepção da identidade, da valorização do humano, da construção de uma cidadania verdadeira, da inserção do sujeito jovem no mundo real. Considerando que não é bom para o jovem viver em um mundo imaginário produzindo pelas mídias, que não é significativo para o jovem viver prematuramente no mundo do adulto; isso pelo fato do jovem ter seu próprio mundo, suas percepções, suas necessidades, seus anseios, e, também, estes precisam de respeito e afirmação.
Nessa perspectiva, observa-se que os conceitos sobre os jovens são muitos, mas ao longo do tempo destacaram-se dois: o jovem como problema social e como objeto de atenção. Como problema social os jovens precisariam ser controlados, esse argumento serviu para ideias e políticas castradoras e repressivas para os jovens; como objeto de atenção os jovens precisariam ser conduzidos, guiados, observados, rotulados, se assim não fossem ofereciam ameaça à sociedade(LAGREE, 1999).
Já o tratamento dado ao jovem nos últimos anos percebe-se uma acentuada ambigüidade. A grande maioria das políticas publicas para este publico os caracterizam na condição ou estado de risco social e vulnerabilidade social. O que não fica claro é se é risco para a sociedade ou para o próprio jovem, nem se a vulnerabilidade é da sociedade ou do jovem. O fato é que faltam conceitos concretos e significativos para fundamentarem as políticas para os jovens, alguns, inclusive, aqui já mencionados.
Diante do exposto, fica evidente que reclamar ou condenar depois do ato consumado, é a mais pura hipocrisia social. Seria bem mais eficiente é verdadeiro agir antes que o produto final esteja consumado. Pois, como já afirmava BOURDIEU(1986) “a sociedade sempre se impõe ao indivíduo”
Cabe, portanto, a todos nós fazermos nossa parte famílias, escolas, igrejas, associações e poder público. Entretanto, é preciso destacar que a importância do poder público é de fundamental relevância, pelo fato de ser no seio do município que acontecem os problemas, mas também de ser dele que surgem as soluções, sem falar na responsabilidade de pensar e agir sobre a realidade na perspectiva do território(PNAS, 2003).
Por fim, é oportuno perguntar onde estão as políticas voltadas para a juventude? Os deputados que são votados a gerações e os que estão chegando, onde estão os projetos e ações voltados para nossos jovens? Onde estão os espaços para os jovens se expressarem? Onde estão as oportunidades de crescimento? Onde está a esperança?
Ainda há tempo.


Autor; Jacob de Oliveira
Pedagogo e Orientador Social